Embora a imagem tenha pouca qualidade é, do ponto de vista histórico e afetivo, muito relevante, pois nela podemos ver a chamada Fonte Nova.
A fotografia foi tirada pelo António Raimundo Assis, que a emprestou à Junta de Freguesia para ser primeira página no seu Correio de Freguesia de Setembro de 2014. Infelizmente a foto não foi devolvida após a produção gráfica, daí a pouca qualidade da imagem disponível.
Nesta fotografia podemos ver junto da bica a Zulmira Carreira, e, em primeiro plano, com uma bilha, o meu primo António Serralheiro Raimundo.
A Fonte Nova era abastecida pela chamada “água do Janeiro”, e foi construída em 1937 juntamente com outras duas: as chamadas Fonte da Escola e a fonte do Zé Lopes.
Recordamos o que dela nos deixou Carlos Alberto Alves Lourenço:
«A Fonte Nova, a principal das suas contemporâneas, nos anos cinquenta sofreu uma modificação total. Era constituída por um marco, igual ao das suas irmãs, e à frente completada por um bebedouro para animais com cerca de 2,5 x 1,5 m que mal deixava passar uma carroça no início da rua de São Lourenço. No Verão, quando o nascente apenas quase lacrimejava, só a Fonte Nova, por ter no depósito a tomada de água mais baixa, deitava água, direi antes, deitava um fio de água, era de ver o fontanário repleto de bilhas de barro, bojudas e já ressequidas, aguardando a sua vez. Para desobstruir o caminho, o fontanário foi deitado abaixo e levado para o recanto onde atualmente se encontra.» [1]
Era assim a vida quotidiana na aldeia, adultos e também as crianças podiam ajudar na tarefa de vir buscar àgua fresca e potável, normalmente em bilhas de barro. Naquele local sobrava tempo para se trocarem dois dedos de conversa, e muitos jovens ali começaram a namoriscar.
Com este postal esperamos incentivar entre os arranhoenses o gosto pelo património local e pela preservação e valorização das antigas fontes do núcleo urbano de Arranhó (Arranhó, Ajuda, Quinta do Paço e Arranhó de Baixo). Constituem um belo património natural com muita história.
Só se pode preservar o que se conhece.
Notas:
[1] LOURENÇO, Carlos Alberto Alves | Monografia da Freguesia de Arranhó | manuscrito dactilografado | 1976.
#RotaDaÁgua
© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz