Redescobrindo Arranhó nos escritos de Irene Lisboa (1892-1958)
Paisagem
«Veloz, veloz
corre a camioneta.
A estrada, brilhante e escura,
na linha sempre dos olhos.
Nunca termina…
Os choupos enfolhados,
verdes,
ramalhudos,
que é a palavra
que bem os define,
enfileiram-se
a um lado e outro
da nossa paisagem.
Vejo-os
e lembro de outros choupos
de um pequeno rio…
Não é nenhuma lembrança romanesca,
idealmente complicada;
é a simples evocação
dos primeiros choupos
que conheci.
(Tanto mais longe
quanto é possível
se lança o espírito
à procura
da raiz dos gostos…)
Olhando estes
graciosa e naturalmente
me acode o dito:
olha, aqui, choupos…
E a camioneta corre…
Mas nós tudo temos tempo
de ver. . »
Irene Lisboa, no seu livro de poemas “Um Dia e Outro Dia”, de 1936.
Comentários:
[1] Ao ler e reler estes versos, o leitor é suavemente transportado para uma paisagem rural que os arranhoenses bem conhecem, os inesquecíveis choupos que bordejavam a estrada nacional EN115, e, para uma memória positiva das paisagens de infância da escritora (Camondes, A dos Arcos, Martim Afonso, Pontes de Monfalim).
[2] podem encontrar-se mais pormenores e informação interessante sobre Irene Lisboa na página https://sibilante.blogs.sapo.pt/
[3] A bonita foto é de Isabel Gageiro, a quem agradecemos a cortesia
E assim se vai fazendo história na divulgação desta filha da terra…
#recursosliterários
© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz