Ficamos encantados com esta ternurenta foto do final dos anos 60 em Arranhó.
Nós conhecemos este ambiente simples e muito familiar vivido numa época em que a aldeia de Arranhó caminhava ao ritmo das estações do ano.
Nesta bonita foto a cores, que naquele tempo eram muito raras ainda, podemos ver um momento feliz, em que o avô levou a sua netinha a passear no burrinho numa ida à fazenda.
O avô, vestido como era hábito na época, era o chamado João da Chata, [1] e a netinha, a Ana Maria [2].
O local da foto era o então chamado Rio de Sapo, hoje muito modificado, onde o João cultivava umas fazendas alugadas.
Também é muito interessante ver as cestas que eram então muito usadas pelos arranhoenses para transportarem artigos sobre a albarda [3] dum burrinho nas suas idas e vindas das fazendas [4] e courelas. [5]
É muito curioso observar que o João não estava muito habituado a fotografias, e se mostra despreocupado e distraído, pensando que a fotografia era só para a sua netinha. Mas o fotógrafo aproveitou bem o momento, e registou uma bonita recordação.
Esta foto confirma o ambiente descontraído da aldeia, muito familiar e muito comunitário, onde as pessoas viviam com simplicidade mas com muita união, cada uma lutando pelo sustento da sua família.
Este postal foi possível graças à gentileza da Ana Maria Rodrigues da Silva Lourenço, a quem muito agradecemos, pois assim permitiu preservar e enriquecer a memória comum arranhoense.
Notas:
[1] João da Encarnação Courelas, era casado com a Arlete Justino Rodrigues.
[2] Ana Maria Rodrigues da Silva.
[3] A albarda era um selim grosseiro e grosso cheio de palha, feito artesanalmente, que se punha em cima dos burros para o transporte de pessoas ou de mercadorias. Ao artífice que fabricava as albardas, chamava-se o albardeiro.
[4] dá-se o nome de fazenda a pequenas propriedades rústicas, a terrenos cultivados
[5] dá-se o nome de courelas a parcelas de terra cultivada compridas e estreitas.
#FamíliaDeFamílias
© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz