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Postal de Arranhó N° 167: “A Estrada Nacional”

Redescobrindo Arranhó nos escritos de Irene Lisboa (1892-1958)

«Tantos montes,
pequenos e arredondados!
Sobre cada um deles
me apetece pôr a mão…
Apalpar, dominar
os arrogantes peitos da terra.
Aquela sua forma
me sugere o apetite e o gesto.

As vertentes da serra,
cá para baixo,
malham-se das mais lindas cores.
Não cores de tons dissaboridos
como as do norte húmido,
das terras estranhas.
Não, cores graves e calorosas.

A estrada ergue-se,
alteia-se
e descreve uma longa curva.
Os montes cavam-se a nossos pés,
formando um fosso côncavo,
elegantemente enconchado,
aprazível e vasto.
As cores sombrias das árvores,
e as mais suaves
do chão semeado,
entremeiam-se.
E a camionete corre…
Mas nós tudo temos tempo
de ver.»

Irene Lisboa, no seu livro de poemas “Um Dia e Outro Dia”, de 1936.

Notas:
[1] estes versos são muito emotivos e são um inequívoco exemplo das boas memórias que a autora guardava das paisagens à volta da estrada nacional EN115, dos outeiros e horizontes, da sua freguesia de origem.
[2] podem encontrar-se mais pormenores e informação interessante sobre Irene Lisboa na página https://sibilante.blogs.sapo.pt/

E assim se vai fazendo história na divulgação desta filha da terra…

#RecursosLiterários

© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz