Nos dias de hoje vive-se um ambiente de falta de paciência, e de pressa, nas novas gerações que deixa pouco espaço à escuta e à reflexão. É contudo interessante darmos atenção àquilo que em Arranhó era muito comum os mais jovens começarem ouvir aos mais velhos, através de ditados, ideias fundamentais sobre a vida.
A oralidade não tem hoje a mesma força, mas vale muito a pena recordar e preservar toda a riqueza deste património cultural, que não sendo exclusivo de Arranhó, orientava de facto a mentalidade arranhoense.
Aqui temos algumas dessas lições de sabedoria e vida:
– Depressa e bem não há quem.
– Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.
– Quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele.
– Água mole em pedra dura tanto dá até que fura.
– A galinha da minha vizinha é sempre melhor que a minha.
– Cada cabeça cada sentença.
– Muito riso pouco siso.
– Gato escaldado de água fria tem medo.
– A boa cama que fizeres nela te deitarás.
– Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.
– Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe.
– No melhor pano cai a nódoa.
– Para bom entendedor meia palavra gasta.
– Imita a formiga e viverás sua fadiga.
– Enquanto o pau vai e vem folgam as costas.
– Tão ladrão é quem vai à horta como quem fica à porta.
– Mais vale só do que mal acompanhado.
– Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
– Quem muito fala pouco acerta.
– Nem tudo o que luz é ouro.
Era muito comum no dia a dia um ralhete ser dado com: «A boa cama que fizeres nela te deitarás»; ou uma repreensão ser feita com: «Filho és pais serás como fizeres acharás».
Estas sentenças portadoras duma enorme vivência e sabedoria, ouvidas repetidamente aos avós e aos pais e explicadas por eles constituíam inesquecíveis momentos de diálogo e partilha familiar.
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© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz