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Postal de Arranhó N° 102: “Arranhó e a sua história”


Tanto quanto conhecemos, ainda não tiveram lugar, até ao momento, estudos científicos dedicados à história sobre as origens de Arranhó.

Apenas conhecemos o trabalho científico de Mário Farelo [1] na transcrição de um notável documento medieval sobre Arranhó guardado na Torre do Tombo, relacionado com a placa existente na parede da nossa igreja paroquial.

Partilhamos hoje um precioso contributo do nosso amigo António Manuel Vale Pinto, que, não sendo um especialista, tem para nós ainda mais valor. A sua curiosidade e sede de saber, tem-no levado a realizar extensas pesquisas bibliográficas e mesmo ao estudo da paleografia, para encontrar e conseguir decifrar textos medievais relacionados com a sua terra natal. Uma das suas felizes descobertas foi este documento medieval [2] de que já falamos em postal anterior.

A partir do estudo deste documento o António M V Pinto também desenvolveu outras reflexões a propósito da história local: «Em 1242 (1280 na era antiga), Arranhó já era mencionada como pertencente ao termo de Lisboa, muito provavelmente já como freguesia, conforme atesta este documento de venda.

O Convento de Chelas, aqui mencionado como comprador, foi dono de muitas propriedades na freguesia de Arranhó. Com extinção das ordens religiosas, no séc. XIX, os prédios ainda existentes passaram para o Real Colégio das Missões Ultramarinas. Foi este colégio que ofereceu o terreno do “pedaço” ao URDA.» [3]

Notas:

[1] Mário Farelo, membro da equipa do VINCULUM
Torre do Tombo, Arquivo do Hospital de São José, liv. 1188, fl. 216v-228v; 229-243v..
[2] António Manuel Vale Pinto, 2021. Escritura notarial de Martim Durando, Lisboa, 242, Abril (ANTT, Cónegos Regulares de Santo Agostinho, Mosteiro de Chelas, mç. 15, nº 284; PT/RR/MCH/M15/284).
[3] A leitura e interpretação de textos antigos coloca vários desafios, não só de leitura de grafias antigas, mas também de datação.
É preciso ter presente que nos nossos textos medievais era usada a datação conhecida por Era de César, isto é, uma contagem feita a partir do ano 745 da fundação de Roma, ou seja, 38 anos antes da data do nascimento de Cristo. Daí que o António Val Pinto faça a conversão da data, pois é sempre necessário subtrair 38 anos para converter uma data medieval para a Era de Cristo, ou Anno Domini.

Por curiosidade Portugal foi o último reino a trocar a Era de César para a Era de Cristo, apenas no reinado de D.João I, por decreto de 22 de Agosto de 1422.

#HistóriaLocal

© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz