Toponímia arranhoense
Esta rua sobrepõe-se a um antigo carreiro pedonal de acesso dos arranhoenses às fazendas e hortas naquela área, a que era dado o nome genérico de Mata, e que foi alargado e pavimentado na célebre campanha da máquina. [1]
A rua deve o seu nome a uma enorme cascata, alimentada pelas águas abundantes que escorriam das encostas do Janeiro, criavam umas poças no então chamado “rio de sapo” [2], atravessando depois a estrada nacional e dirigindo-se para os terrenos chamados da Mata, onde finalmente as águas se precipitavam no vazio de vários metros, para alcançarem a ribeira da Silveira.
Ainda hoje podemos assistir, depois de um dia chuvoso, à força da corrente que se precipita da bica de uma manilha de betão que ficou enterrada por debaixo da rua entretanto alcatroada, e, do aterro do estaleiro da oficina de mármores.
Lembramo-nos muito bem da abundância de água doutros tempos, que se acumulava numa plataforma natural que ali havia, antes de se precipitar ruidosamente, pois naquela zona verifica-se uma diferença altimétrica significativa.
Este é mais um exemplo feliz de escolha da toponímia [3] local, onde foi sabiamente garantida a memória da tradição e identidade arranhoense para os vindouros.
Esperamos com esta série sobre a toponímia arranhoense, despertar e sensibilizar para a importância social e cultural de ter uma correta estratégia local de dar nomes às ruas, largos e praças da freguesia.
Notas:
[1] para saber mais reveja o Postal PA083.
[2] devido à acumulação de águas de nascentes nas encostas, na zona baixa da curva da atual rua do Espargal, ali chegaram as mulheres a lavar a roupa; chamavam então de “rio de sapo” ao local.
[3] dá-se o nome de toponímia à escolha dos nomes de um sítio, dum lugar, rua ou localidade.
#ToponímiaLocal
© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz