Pular para o conteúdo Pular para a barra lateral do Vá para o rodapé

Postal de Arranhó N° 085: “Rua das Eiras”

Toponímia arranhoense

Dá-se o nome de eira a um terreno liso ou empedrado onde se põem a secar e se trilham ou desgranam os legumes (feijão, grão) ou os cereais (como o trigo, o centeio, a cevada, ou o milho).

Ora em Arranhó, precisamente onde se veio a rasgar esta rua, não havia mais nada que terrenos agrícolas.

Até final dos anos 70, a aldeia do lado norte só tinha casas na rua 5 de Outubro e na rua de São Lourenço; por trás destas, só podíamos encontrar quintais e courelas [1]. Sucede que nesses quintais alguns dos moradores tinham as suas eiras para tratar das suas produções agrícolas. Eram espaços onde se reuniam e entreajudavam nas tarefas familiares e vizinhos, e também eram lugares de brincadeira para os mais novos. Muitos brinquedos de então eram feitos com os desperdícios do trabalho nas eiras; por exemplo com as maçarocas do milho a imaginação criava brinquedos para meninos (carrinhos de bois) e meninas (bonecas).

A maior eira naquela zona era a do Zé da Fonte, mesmo por detrás da sua casa, nas proximidades da igreja paroquial. Mas ainda haviam mais, como por exemplo as eiras do Tóino Germano, e a do Manuel Brincatudo.

Foi por essa razão que na célebre campanha de abertura de novos caminhos [2], aquele que foi aberto ligando a Escola Primária [3] à igreja paroquial foi oportunamente chamado pela Junta de Freguesia de “Rua das Eiras”.

Fazia todo o sentido, e não há dúvida que desse modo aquele nome ficou a fazer memória duma atividade muito significativa da identidade arranhoense.

Naturalmente que a nova rua favoreceu o desenvolvimento urbano de Arranhó e ali se vieram a construir belas moradias.

Notas:

[1] dá-se o nome de courelas a parcelas de terra cultivada compridas e estreitas.

[2] para mais informações ver PA083.

[3] a chamada Escola Nova, com a sua arquitetura típica, fazia parte do chamado Plano dos Centenários, um projeto de construção de escolas em larga escala, levado a cabo pelo Estado Novo em Portugal, entre 1941 e 1969. O Plano devia o seu nome ao terceiro centenário da Restauração da Independência e ao oitavo centenário da Independência de Portugal. Ainda é possível ver esta tipologia de edifícios por todo o interior do País, ainda que com utilizações diversas.

#ToponímiaLocal

© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz