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Postal de Arranhó N° 072: “Uma igreja centenária”

Esta foto dos anos 80 surpreende, pela comparação com os dias de hoje, porque nos permite recordar como a nossa centenária igreja paroquial está hoje muito bonita e recuperada, tendo até já sido usada como cenário de filmagens, mas que nem sempre foi assim.

Recordamo-nos muitas vezes daquela curiosa e muito objetiva descrição dos anos 40 que via então a nossa igreja «nua e vazia, com as altas frestas cheias de teias de aranha, não parece muito mimosa do culto». [1]

Certamente os movimentos revolucionários republicanos muito ativos na nossa região terão de algum modo arrefecido o fervor religioso na população, e o edifício terá ficado votado a um longo período de degradação e abandono.

Também ouvimos falar a nossa mãe e muitas outras pessoas, sobre uma desastrosa intervenção do tempo do Pe José Maria, e de ouvir contar várias versões populares sobre a igreja. Mas a verdade é que não é nada fácil reunir os factos pois a memória foi-se perdendo.

Resolvemos agora arriscar, procurando reunir aqui neste postal a história recente, precisamente a partir dos anos 80, sobre o cuidado e preservação da nossa centenária igreja paroquial.
Parece mentira, mas não é nada fácil, mesmo assim, reunir informação consistente sobre factos tão recentes. Resolvemos organizar por períodos pastorais e pedimos desculpa pelos lapsos ou eventuais omissões que procuraremos corrigir com a vossa ajuda:
P1 -Período Pastoral dos Padres Agostinianos
Creio que poderemos estabelecer como grande momento de viragem no cuidado com a igreja paroquial, o do renascimento da fé na comunidade de Arranhó fruto do trabalho missionário dos padres da Ordem de Santo Agostinho nos anos 80: Padre Eleutério,Padre Manolo, Padre Arturo, Padre João José, Padre Isidro, e Padre João Carlos.
É histórico que até aí a frequência da igreja era diminuta, e formada sobretudo por pessoas fora da aldeia de Arranhó, que vinham da Louriceira, e, algumas poucas de Arranhó.
Iniciado o trabalho apostólico pelos padres agostinianos cedo se colocou o problema do estado de conservação do edifício.
Recordamos a recuperação do telhado e as obras de restauro do Teto da Igreja, o levantamento do soalho da Nave da igreja ainda com as antigas sepulturas, e, a demolição dos anexos antigos da igreja e a construção do novo Centro Paroquial.

P2 – Período Pastoral do Padre Eduardo Coelho
Durante a estadia do Padre Eduardo Coelho, é adquirido o altar em pedra calcária que hoje conhecemos.

P3 – Período Pastoral do Padre José Cruz
Durante a estadia do Padre José Cruz, em 2000 é adquirido o novo Retábulo do Altar-mor , de madeira de carvalho e cedro, a recordar o antigo segundo alguns fiéis. Também é oferecido pelo Grupo de Jovens de então um bonito Sacrário à paróquia.

P4 – Período Pastoral do Padre António Faustino
Entre 2001 e 2006 com o Padre António Faustino destacam-se as obras de reconversão do Adro da igreja e o novo muro exterior.

P5 – Período Pastoral do Padre Rui Pedro Carvalho
Durante a estadia do Padre Rui Pedro Carvalho destaca-se a aquisição do Órgão holandês.

P6 – Período Pastoral do Padre Rui Cantarilho
Neste período podem destacar-se as seguintes atividades;
Colocação de janelas da igreja em PVC
Colocação de dois altares do Presbitério, de estuque com um desenho clássico marmoreado com as tonalidades que existiam no coro alto e outros elementos do séc. XVIII.
Substituição de imagens: reproduções em madeira de modelos do séc. XVII – Imaculada Conceição, Santa Catarina, e Santo António.
Substituição do chão da Nave da igreja, de madeira para pavimento mosaico.
Pintura interior da igreja.
Construção dos dois altares laterais da Nave da igreja no mesmo estilo dos dois altares do Presbitério.
Construção da capela de Nossa Senhora das Dores, uma imagem obra do sevilhano Esteban Rosado. A imagem do Senhor Morto é uma réplica do Senhor do Calvário de Peniche do séc. XVII.
Restauro da policromia do Altar Mor para os mesmos tons de marmoreado.
Limpeza exterior do telhado, limpeza de pedras e pintura exterior da igreja.
Aquisição do quadro do Calvário é uma pintura sobre madeira do séc. XVI.
Aquisição de estações duma Via-Sacra da Ordem Franciscana Secular.
Pintura interior do primeiro piso do Centro Pastoral.

Recuperação e restauro dos suporte dos círios e das velas, da cancela do Batistério.

Como se pode constatar nesta nossa listagem ainda incompleta, a comunidade de Arranhó e os seus párocos têm realizado nas últimas décadas um notável trabalho de manutenção e valorização artística e funcional da sua igreja paroquial. São importantes o reconhecimento e a valorização públicos deste empenho, pois o cuidado com este edifício centenário que na sua estrutura atual remontará provavelmente ao final da Primeira Dinastia, e que foi antecedido de outro no mesmo local anterior à fundação da nacionalidade, é património de toda a comunidade.

Notas:
[1] citação do livro Apontamentos, de Irene Lisboa, 1943.

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© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz