A Quinta da Fonte Cepa teve sempre um lugar especial no nosso imaginário, pois ao passar por aquela curva da estrada nacional vindos de Lisboa via Bucelas, abria-se-nos ao olhar aquele belo cenário no horizonte: a aldeia de Arranhó, com as suas casinhas espalhadas pela colina encimada pela igreja, como num presépio.
A Quinta da Fonte Cepa era propriedade duma irmã do meu avô materno, a Maria Quitéria Ferreira, que estava casada com o Firmo Francisco, de Alcareia.
Esta minha tia era mais conhecida por tia Sapateira e ele por tio Firmo. Eles cultivavam a Fonte Cepa, embora como a maioria da população em Arranhó não vivessem da agricultura, e eu lembro-me bem das visitas à
Fonte Cepa sobretudo surpreendia-me a dimensão e a inclinação da encosta onde tinham plantada a vinha. Também ali se cultivavam árvores de fruto, oliveiras, cereais.
Hoje o perfil da encosta está muito diferente, devido ao esbarrondamento de terras do final dos anos 80, consequência das fortes chuvadas, que cortou completamente a estrada nacional naquela zona, obrigando não só a reabrir a estrada como a corrigir o perfil dos taludes para prevenir novos deslizamentos de terras.
Apesar de os campos estarem hoje maioritariamente abandonados, a passagem pela curva da Fonte Cepa continua hoje a anunciar aos viajantes a chegada a casa, e a revelar o mesmo belo cenário no horizonte.
#Lugares
© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz