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Postal de Arranhó N° 062: “No tempo dos Carroceiros”

Nada se consegue na vida sem trabalho, sem esforço, e sem mérito. E as famílias arranhoenses bem sabiam isso na sua pele, e por essa razão procuravam àrduamente uma vida honesta e o sustento para os seus filhos.

Os ovos, as cebolas, os alhos, os cereais, as frutas, o ferro velho, tudo servia para comercializar para realizar algum dinheiro.

Saídos de madrugada para a estrada, ao raiar do dia, os arranhoenses estavam em Lisboa e arredores a iniciar a sua venda ambulante, e assim andavam todo o dia.

À noite recolhiam a uma estalagem onde guardavam o animal, lhe davam água e comida na manjedoura.

Recordamos alguns nomes de estalagens daqueles tempos:
Estalagem do Arco Cego, Av. Duque de Ávila junto à Estação da Carris
Estalagem da Guia, Martim Moniz
Estalagem da Praça da Figueira, próxima desta praça
Estalagem Nova, próxima do Jardim Constantino
Estalagem do Canto, próximo do Campo Santana
Estalagem do Picadeiro, Campo de Ourique
Estalagem do Zé do Aterro, à entrada da Calçada de Carriche
Estalagem dos Galos, na Calçada de Carriche
Estalagem do Cesteiro, na Calçada de Carriche
Estalagem da Bobadela, no Martim Moniz.
Havia ainda uma em Belém, e outra em Alcântara

Ao jantar seguia-se o descanso. As suas camas eram tarimbas, sobrado de tábuas em plano sobre-elevado, onde dormiam todos os carroceiros metidos em sanduíche entre as duas faces duma manta dobrada ao meio. A fazer de colchão uma ou duas sacas.

A tarimba estava no mesmo palheiro que os animais, era coletiva, e ficavam tantos quantos coubessem. Por mais dura que fosse não se consta que reconhecida como tal por aqueles que a utilizavam, já vencidos de cansaço.

Era muito dura aquela vida mas por volta de 1945, contam-se pelo menos 25 chefes de família em Arranhó que possuíam carroça. As famílias não deixaram de cultivar os seus “quinhões”, mas com a evolução do negócio deixaram de estar totalmente dependentes da terra. [1]

Notas:
[1] apontamentos de Monografia da Freguesia de Arranhó, 1976, fotocopiado, Carlos Alberto Alves Lourenço

#PessoasFamílias

© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz