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Postal de Arranhó N° 040: “O coreto de Arranhó”

Nos dias de hoje, o Coreto é um ícone da Arranhó contemporânea, pois nele se cruzaram já imensos momentos notáveis da vida arranhoense. O que talvez muitos não se tenham questionado é: como surgiu o Coreto de Arranhó?

Cada um de nós tem o seu desígnio de vida, e nós temos muito orgulho em estar ligados á génese do Coreto de Arranhó. E de que modo? É isso que vamos aqui partilhar.

Recuando no tempo, era na altura presidente da Junta de Freguesia, o saudoso Francisco Jerónimo, quando combinamos realizar uma entrevista para ser publicada.

O propósito era falar sobre o destino que se iria dar aos terrenos que haviam sido aterrados, na zona onde se localiza hoje o Largo Irene Lisboa e a Rua do URDA. Nessa altura ainda estávamos a editar a Folha Popular de Arranhó, onde de resto foi publicada na íntegra a referida entrevista. [1]

Na reunião, além do executivo da Junta de Freguesia, também participou o então vereador, o meu querido tio Francisco Soares da Encarnação. Foi uma partilha tranquila e honesta de pontos de vista, em que de facto havia grande vontade da Junta de engrandecer a terra, mas não haviam muitas ideias para o futuro Largo.

Pois foi durante essa conversa que eu lancei a ideia de se fazer um Coreto no futuro Largo central de Arranhó. O executivo da Junta acolheu com alguma surpresa a ideia, e o presidente Francisco Jerónimo gostou da sugestão embora com algumas reservas, referindo alguma preocupação com a reação da população à ideia… São muito comuns a resistência ou a contestação perante qualquer ideia diferente.

Felizmente o meu querido tio Francisco Encarnação “não deixou cair em saco roto” a minha sugestão, e, como fez por várias vezes, aproveitou-a sabiamente. Falou com o arquiteto, e o projeto do Largo passou a incluir um Coreto. [2]

Hoje, cada vez que olhamos para o belo Largo Irene Lisboa que entretanto tem sido continuadamente valorizado, e não podemos deixar de nos sentir orgulhosos, valeu a pena.

Naquele Coreto já se guardam inesquecíveis memórias da Orquestra Os Bem Entendidos de Arranhó, do Conjunto Nova Geração, das crianças do Centro Escolar, do Grupo de Jovens, do Grupo Cénico do URDA, de grandiosas celebrações cristãs, de comícios políticos, de bailes, das festas em honra de São Lourenço de Arranhó.

Ainda bem que houve naquela altura a sabedoria de saber acolher os dons de cada um. Arranhó saiu a ganhar e muito.

E assim se fez história.

Notas:

[1] a entrevista foi publicada na íntegra na FPA – Folha Popular de Arranhó, II série, Ano 1, Número de Outubro-Novembro de 1984

[2] as obras do Largo Irene Lisboa foram inauguradas a 26 de Julho de 1992.

#HistóriaLocal

© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz