Pular para o conteúdo Pular para a barra lateral do Vá para o rodapé

Postal de Arranhó N° 032: “Estudo sobre o associativismo em Arranhó XII”

Na sequência da Exposição sobre o tema no salão do URDA nos anos 80, [1] vamos apresentar de forma faseada este Estudo mais atualizado da história das dinâmicas associativas em Arranhó. [2]

6- As Cegadas e as Récitas
6.1 – O Rádio Serapilheira e as Cegadas
Embora não estivesse enquadrada em nenhuma das coletividades, tem lugar naquela época uma fase muito interessante de Cegadas carnavalescas, com origem num grupo de canteiros que vieram trabalhar para Arranhó. Eram eles o Fernando Nascimento, o José Pinhal, o Staline, o José Evangelista, e o José da Magalene.

Sediados num alojamento junto da fonte do Zé Abegão, a sua juventude e cantorias levaram a população a dar ao local o nome de “Rádio Serapilheira”. Este grupo de jovens foram durante algum tempo motor de grande animação na terra.

6.2 – As Récitas
Depois de um período onde as crises diretivas quase levaram as duas coletividades a fundirem-se vem a ocorrer uma nova dinâmica com as Récitas.

Através da iniciativa da então professora primária Maria do Patrocínio Nobre é iniciado um trabalho cultural de preparação duma representação teatral com declamação, canto, etc. em Arranhó. O propósito foi angariar fundos a favor da conservação do telhado da igreja paroquial.

Para o efeito a professora contou com a colaboração do pároco Pe José Maria, do Manuel Luis Júnior, do Firmo Soares Raimundo que cedeu as instalações para o efeito, do Teófilo dos Santos Braga com o trompete, e do António Rodrigues com os materiais.

A 26 de Maio de 1957, por iniciativa da então professora primária de Arranhó – Maria Patrocínia Nobre – e, com a participação da Palmira Gageiro, da Piedade Gageiro, da Zulmira Ferreira, da Maria Manuela Encarnação, da Beatriz Raimundo, da Ludovina, da Maria Manuela Narciso, da Clarinda Rodrigues, da Maria Joaquina Gageiro, e da Lígia da Silva, tem lugar na casa do Firmo Raimundo uma Récita já muito elaborada quer na organização quer no guarda-roupa.

A récita tinha um programa com 21 números: 1ª Parte – Quadro de Camponesas, Era Uma Vez, Quem Dá aos Pobres Empresta a Deus, Abraço Fraternal (comédia), Beijos Não, Corridinho (dança), Senhora Doutora, Quadro de Pescadores, Sem Graça. Ratas Sábias (comédia); Intervalo; 2ª Parte – Floreira, Zé Pacóvio, Pastora e Lobos de Dois Pés, Vira (dança), Chorar, Rir, Chá das Cinco, Maria das Festas, Maria da Conceição, Voai Voai, Acampamento de Ciganos.

Devemos sublinhar que tudo o que acontecia na aldeia naquela época, era sempre um grande acontecimento, uma oportunidade que as pessoas agarravam com um interesse extraordinário, e, neste caso, embora tenha sido escolhida a maior sala da terra, foi necessário arrancar telhas do telhado para satisfazer todos quantos desejavam assistir ao espetáculo… [18]

Notas;
[1] Luiz, José M. Ferreira | Guião da Exposição 60 Anos de Vida Associativa Organizada | manuscrito dactilografado | Arranhó, 1989.
[2] Luiz, José M. Ferreira | Estudo Sobre o Associativismo em Arranhó | original, 2023.
[18] idem Guião.

A fotografia do evento faz parte dum conjunto que nos foi facultado em 24/03/1989 por cortesia de Maria do Patrocínio Nobre Encarnação.

#HistóriaLocal

© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz