Na sequência da Exposição sobre o tema no salão do URDA nos anos 80, [1] vamos apresentar de forma faseada este Estudo mais atualizado da história das dinâmicas associativas em Arranhó. [2]
4 – Surgem o Grupo Dramático, a Troup-Jazz, e o S.L.A nos anos 40
Para melhor contextualizar a importância do aparecimento da S.U.R.A. vale a pena recordar através das sentidas palavras da nossa escritora Irene Lisboa como era a aldeia de Arranhó naqueles tempos: «Arranhó tem uma antonomásia – a terra da pedra! Tudo aquilo, na verdade, todos aqueles plainos, são o perfeito domínio da pedra. Muros baixos e ralos, de pedra miúda, terra arável misturada com pedra solta; pedra por todo o lado…» [12]
Pois é neste ambiente severo que a alma arranhoense se supera e dá passos concretos para mostrar o melhor de si. Em torno da sua nova Coletividade cresce o sonho do bem comum entre os arranhoenses, e estes vão dar corpo a três grandes acontecimentos que vão favorecer ainda mais o clima de saudável união e entreajuda vividos na comunidade.
4.1 – Formação do Grupo Dramático Arranhoense
O primeiro acontecimento notável nesta década de 40, foi a formação do Grupo Dramático Arranhoense, liderado pelo então Regente Escolar, e alfaiate, o sr. Joaquim José Ferreira, que vivia e trabalhava num anexo da casa do José Lopes junto à fonte.
Por esta época, o País vivia uma situação difícil da educação com grande escassez de professores diplomados e o governo recorreu a Regentes Escolares, isto é, a pessoas sem qualificação específica, apenas sendo requerido que possuíssem a «necessária idoneidade moral e intelectual». [13]
Os lugares de Arranhó de Baixo, e de Arranhó (de Cima), tiveram um Posto Escolar com o respetivo Regente Escolar que, em ambos os casos, exerciam o ofício de alfaiates, e ensinavam as crianças a ler, escrever e contar no seu atelier.
Constituíam este grupo de amigos e entusiastas o Custódio Carreira, o António Raimundo, o José D’Além, o José Munhoz, o José Pinto, e, o Alfredo Carvalho.
O Grupo Dramático Arranhoense [14] iniciou os seus ensaios na casa do António Frade Alves e fez inúmeras representações encantando quem, e foram muitos, o foi ver quer em Arranhó, quer em Ajuda, quer nos Sabugos, e noutros lugares da região.
Notas;
[1] Luiz, José M. Ferreira | Guião da Exposição 60 Anos de Vida Associativa Organizada | manuscrito dactilografado | Arranhó, 1989.
[2] Luiz, José M. Ferreira | Estudo Sobre o Associativismo em Arranhó | original, 2023.
[12] Lisboa, Irene | Apontamentos | 1ª edição 1943 | 2ª edição 1998, Editorial Presença.
[13] Guinote, Paulo | O Lugar dos Regentes Escolares na Política Educativa do Estado Novo: Uma Proposta de Releitura (anos 30-anos 50) | Sísifo Revista de Ciências da Educação, Nº1 Set/Dez 2006
[14] Esta foto histórica de grupo tirada junto do célebre choupo, foi-nos oferecida pelo José Joaquim Ferreira Frade em 27.05.1989; nela da esquerda para a direita podem conferir-se:
2ª fila, atrás – Custódio Carreira Pinto, Joaquim José Ferreira, António Serralheiro Raimundo
1ª fila, frente – José Luis Além, José Munhoz Frade, José Soares Pinto, Alfredo António Carvalho.
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© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz