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Postal de Arranhó N° 021: “Estudo sobre o associativismo em Arranhó III”

Na sequência da Exposição sobre o tema no salão do URDA nos anos 80, [1] vamos apresentar de forma faseada este Estudo mais atualizado da história das dinâmicas associativas em Arranhó. [2]

3- Nasce a SURA nos Anos 30

O Portugal dos anos 30 sofria os efeitos da recessão económica, muito sentida no mundo rural que se mantinha no marasmo do «naturalmente agrícola, naturalmente pobre». O trabalho à jorna era pouco, os jornaleiros não conseguiam muitas vezes ganhar o sustento para a família, e já nem a existência do “rol dos fiados” na loja conseguia evitar a fome em muitas casas.

Apesar de tudo, segundo um cronista da capital, a aldeia de Arranhó era por esta época «qualquer coisa de muito pitoresco, casas branquinhas alcandoradas em trono pela encosta de penhascoso outeiro coroado pela igreja matriz e pela escola oficial.

Servida pela estrada nacional de ligação a Bucelas, cheia de arvoredo e pitoresco, ladeada de hortas é a segunda freguesia do concelho em população, em área, e, em riqueza própria.» [9]

O isolamento e a pobreza generalizada eram uma realidade mas não foram suficientes para desanimar um grupo de jovens arranhoenses que, inconformados pela falta de oportunidades, e liderados por José Munhoz Frade, se juntarem e superando todas as dificuldades fundaram em 18 de Maio de 1939 aquela que viria a ser a primeira coletividade da freguesia, a SURA – Sociedade União Recreativa Arranhoense.

Espelhando o sonho e os ideais da juventude de então, Arranhó vai viver um período de intensa atividade cultural e recreativa num barracão emprestado pelo Manuel Lourenço Além, um grande benemérito e patrocinador, cuja foto sempre esteve exposta, em sua homenagem, em lugar de honra na sede da Colectividade. [10]

Apesar de pobres ou remediados, o ambiente na aldeia era marcado por um forte sentido de família e de parentesco, vivia-se num ambiente muito solidário, de união e entreajuda.

O associado número um, o José Munhoz Frade, era um jovem muito respeitado por todos os seus conterrâneos, pela sua nobreza de carácter e pelo seu empreendedorismo. Também é de sublinhar que depois da escola primária tinha continuado os seus estudos na Escola Industrial e Comercial João Vaz, em Setúbal, era um maduro democrata e progressista, que mesmo quando a vida o encaminhou para outros destinos – Setúbal, Lisboa e mais tarde para o Brasil,- nunca deixou de apoiar e acarinhar a sua terra e a sua Coletividade com a sua presença afável.

Notas;
[1] Luiz, José M. Ferreira | Guião da Exposição 60 Anos de Vida Associativa Organizada | manuscrito dactilografado | Arranhó, 1989.
[2] Luiz, José M. Ferreira | Estudo Sobre o Associativismo em Arranhó | original, 2023.
[9] Bandeira de Tóro, in jornal ilustrado A Hora, ano 1, Nº9, Março de 1934, Lisboa..
[10] Luiz, José M. Ferreira cit.
[11] foto de José Munhoz Frade (1919 – 2008), cortesia do seu filho José Jorge Munhoz Frade.

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© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz