O lugar de Arranhó tem uma existência muito antiga e, com os alvores da nacionalidade, ficou integrado no Termo de Lisboa com ligações com as primeiras casas religiosas que se instalaram em Lisboa após a sua conquista da cidade aos mouros por D. Afonso Henriques em 1147.
Apresentamos neste postal a transcrição dum curioso documento medieval de compra e venda de terrenos em Arranhó, [1] guardado no Mosteiro de Chelas, [2] em que uma senhora Domingas Dominguiz vendeu através do seu procurador Antonio Martins a Domingos Peres Patameiro, pela quantia de duzentos e dez maravedis, [3] uns terrenos que tinha em Arranhó. O contrato terá sido oficializado pelo tabelião Gil Soares em Lisboa.
Há ainda um longo caminho a percorrer para inventariar e estudar documentos antigos e significativos sobre Arranhó, mas consideramos importante ir chamando a atenção e realizando uma divulgação geral da sua existência, porque só se preserva o que se conhece.
Notas:
[1] Ana Maria Martins, in Documentos Portugueses do Noroeste e da Região de Lisboa – Da Produção Primitiva ao Século XVI, pgs 358-359, Colecção Filologia Portuguesa, INCM, Dezembro de 2001
[2] Também designado por Mosteiro de Nossa Senhora das Chelas, foi reconstruído em 1154, por D. Afonso Henriques, no local onde já existia uma fundação monástica ou uma ermida do século VII; era feminino e pertencia aos Cónegos Regulares de Santo Agostinho. Segundo José Mattoso, terá sido o primeiro mosteiro de cónegas em território português, anterior a 1192.
[3] Maravedi, foi uma moeda de ouro cunhada na Península Ibérica pelos Almorávidas. Em Portugal, designada por Morabitino, foi a primeira moeda de ouro a ser cunhada, sob o reinado de D. Sancho I.
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