A riqueza da nossa vida comunitária – parte um
Para os que nos acompanham mais regularmente recordam que já tratamos de sentenças sobre a vida quotidiana que fomos ouvindo e recolhendo junto da população.
Até aos anos 70 era muito comum ouvir, nas conversas em casa ou de rua em Arranhó, expressões que transmitiam conhecimentos comuns sobre a vida, e que iam passando de boca em boca ao longo de gerações.
Era algo muito natural, seja em forma de conclusão duma conversa, seja em resposta num diálogo, os arranhoenses usarem os chamados ditados populares para variadas situações da vida.
Não sendo exclusivos dos arranhoenses, são sem dúvida um testemunho da mentalidade e valores sociais que regiam as dinâmicas sociais e familiares da comunidade.
Recordemos algumas dessas expressões:
– Velhos são os trapos.
– Enquanto o pau vai e vem, folgam as costas.
– Filho és, pai serás, como fizeres acharás.
– Grão a grão, enche a galinha o papo.
– Nunca o invejoso medrou, nem quem perto dele morou.
– Se que ver o vilão, põe-lhe um pau na mão.
– Homem pequeno, velhaco ou dançarino.
– Abril, águas mil.
– Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe.
– Mais vale cair em graça, que ser engraçado.
– Guarda que comer, não guardes que fazer.
– Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.
– Quem não aparece, esquece.
– Tão ladrão é o que vai à horta, como o que fica à porta.
– Quem não quer vai, quem não quer fica.
– Em casa de ferreiro, espeto de pau.
– Amigos amigos, negócios à parte.
– O seguro, morreu de velho.
– Que não quer ser lobo, não lhe vista a pele.
– Águas passadas, não movem moinhos.
– Filhos criados, trabalhos dobrados.
– A esperança, é a última a morrer.
– De boas intenções, esta o inferno cheio.
– Pau que nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
– Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Ainda hoje merece a pena refletir sobre a sabedoria de vida vivida que estas sentenças encerram.
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© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz