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Postal de Arranhó N° 194: “A Fonte da Arca ou Fonte do Rio”

O abastecimento de àgua é fundamental para a vida duma comunidade: para beber, para a higiene, para cozinhar, para dar de beber aos animais domésticos. Assim, as fontes tiveram um papel essencial nos vários lugarejos do território de Arranhó.

Começando pela então aldeia de Arranhó, segundo Carlos Lourenço “está fora do alcance da memória dos mais idosos que tenha havido fontes mais antigas” [1] que a fonte da Arca e a fonte do Zé Abegão.

Vamos então falar da fonte da Arca ou fonte do Rio, que foi demolida quando da construção do Largo Irene Lisboa, e entretanto foi construída uma fonte memorial em 2019 na mesma localização.

Vamos transcrever a descrição que dela fez Carlos Lourenço, para também preservar este seu testemunho:

«Este abastecedor de água localiza-se à beira da estrada nacional, mesmo em frente da desembocadura da rua de S. Lourenço.

Tem duas bicas, a que correspondem dois nascentes. Um destes fica nas casas do Munhoz, uns vinte metros a norte da fonte e vai comunicar com a bica do lado poente, precisamente o mais fraco, chegando a secar no verã. O outro abrolho localiza-se perto das casas do Manuel dos Santos, na rua de S. Lourenço, frente à escola, pelo menos pensa-se que assim seja, não há certezas. A Joaquina de Além perto desse mesmo local fez um poço e pensou-se que se tratava da mesma água. Deste segundo nascente vai até ao local que deu o nome à fonte, por ali existir uma pedra com o formato de uma arca, onde o fio de àgua ia mergulhar no mesmo local onde actualmente está a Fonte Nova. A partir daqui, a canalização que hoje é um tubo de ferro, em tempos era de pedras encostadas umas às outras, até atingir a segunda bica, precisamente a do lado nascente.

Esta fonte deve estar no seu actual sítio desde 1868, data da construção da estrada nacional, aliás este factonão passa de mera dedução, mas que parece não deixar dúvidas, por dois factores: estar perfeitamente alinhada com o paredão que faz de amparo à estrada, estar simétricamente colocada em relação a esta.

Esta fonte, recordã-se os setentões, chegou a ter duas bicas em pedra, como a que está fora de serviço na fonte do Zé Abegão.

A sua tina é constituída por quatro grandes pedras, interligadas por gatos de ferro chumbados.

A par com a fonte do Zé Abegão, foi, até aparecer a àgua do Janeiro, a principal fonte de àgua potável que os arranhoenses tiveram.

É a melhor para o gado beber àgua, pela abundãncia e altura do bebedouro. É ainda ela desde que há memória, o abastecedor do lavadouro das mulheres.» [2]

Com este postal esperamos incentivar entre os arranhoenses o gosto pelo património local e pela preservação e valorização das antigas fontes do núcleo urbano de Arranhó (Arranhó, Ajuda, Quinta do Paço e Arranhó de Baixo). Constituem um belo património natural com muita história.

Notas:
[1] LOURENÇO, Carlos Alberto Alves | Monografia da Freguesia de Arranhó | manuscrito dactilografado | 1976.
[2] idem anterior.

#RotaDaÁgua

© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz