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Postal de Arranhó N° 302: O Sport Lisboa e Arranhó

Aproveito esta bonita foto com dois grandes amigos de Arranhó, o então presidente do Munícípio, Mário Henrique (à esquerda), e, o inesquecível prof. José Lourenço (à direita), para desvendar um pouco da rica história associativa desportiva arranhoense, pois não merece ficar esquecida e ignorada das novas gerações.

Tudo começou no início da década de 50, graças ao meu primo José da Silva Lourenço que então fundou na aldeia o Sport Lisboa e Arranhó, muito influenciado pelas suas bem conhecidas referências benfiquistas.
Estamos a falar dum clube anterior ao Clube Desportivo Arranhoense (CDA), e que hoje se perpetua também no União Recreativo e Desportivo de Arranho (URDA). É toda uma história que enriquece o presente.

Passo a transcrever uma das muitas conversas que tivemos os dois sobre o tema para deixar memória futura:

José Lourenço – «Um dia em férias convidei uns primos meus e outros rapazes, a fundarmos aqui um clube de futebol, ao que eles aderiram.
É evidente que pouco sabíamos, no entanto com aquele pouco e com a minha bola, entusiasmei a rapaziada, quando julguei que já tinha ensinado o mínimo para podermos jogar, efectuamos o primeiro jogo e logo com uma vitória.

A nossa equipa era formada por jovens, no entanto para esse jogo de estreia incluímos nela três jogadores já retirados, mas que moravam em Arranhó, talvez já perto dos quarenta anos – o Teófilo, o José Delgado, e o José Mouco – dos restantes oito, os mais velhos – o Firmo Encarnação e o José Cavalinha – estavam à espera do serviço militar, outros mais novos – Alfredo, Joaquim Carvalho, Lucindo, e José Ferreira Lourenço – teriam idade de juniores e os mais novos eram o José Carvalho Frade e eu, que sendo um dos mais novos acumulava as funções de capitão responsável pela escolha da equipa.

Já não me recordo exactamente do resultado, mas foi com uma equipa de Santiago dos Velhos, e foi por dois ou três golos de diferença.
Também posso dizer como alinhou a nossa equipa. Nessa época jogava-se, além do guarda-redes, com três defesas, dois médios e cinco avançados.. Hoje é praticamente o inverso. E então eram o Zé Carvalho Frade, Teófilo, Carvalho “Balhostra” e Alfredo, Lucindo e José Ferreira Lourenço ou “Zé da Glória”; João Delgado, Firmo, José Lourenço, Zé Caralinda e Zé Mouco.
O Zé Frade e o Alfredo fixaram-se em Bucelas, o Firmo em Alverca, o Balhostra em Vila Nova, o Zé da Glória em Arruda e eu residia em Lisboa.
Enquanto me foi possível acompanhar de perto, o clube não caiu. Porém quando vi que tanto a mim como aos meus companheiros, dos quais quero sublinhar um que nõ jogava, mas era um precioso colaborador – o António Ferreira, conhecido por Mota – não era possível, tentamos uma fusão com o clube recreativo que já existia e conhecido pela Sociedade (SURA).

Naquele tempo vivíamos em comissão administrativa sob meu comando, e constituiram-se cargos dirigentes após assembleia..

Tivemos uma direcção onde entravam alguns adultos de prestígio e eu fui eleito presidente.

No entanto ainda vivemos talvez dois anos, o o Clube hibernou quando fui chamado para a tropa.

Um grupo de rapazes quis dar um safanão, aproveitando os equipamentos e mudando (para mim erradamente) o nome. Passou a chamar-se Clube Desportivo Arranhoense. É certo que tive imensa pena da mudança do nome, mas como eles tiveram a gentileza de me convidar, bem como dois do meu tempo, compareci e dei-lhes todo o meu apoio, continuando sempre que possível a jogar com eles.

Mais tarde, quando surgiu a oportunidade, certos da fusão fomos para ela, já que a maioria das pessoas eram sócias dos dois clubes, e foi para mim uma satisfação, quando propus o actual nome e ele foi aprovado.»

Como se pode constatar neste testemunho, o futebol em Arranhó já tem uma história notável, e nós próprios tivemos a oportunidade de participar na histórica e concorrida assembleia que decidiu a fusão da SURA e CDA, e fomos testemunhas do consenso e da enorme vontade de união traduzida no nome escolhido União Recreativo e Desportivo de Arranhó.

Para a história local, ficam mais dois pormenores significativos: esteve em discussão se o nome seria no masculino ou no feminino, e foi aprovada por unanimidade a proposta do prof. José Lourenço para que ficasse no masculino. Também foi aprovado por unanimidade o bonito emblema proposto pelo José Joaquim Frade, que colocava em igualdade os ideais do novo clube – a cultura, o desporto e a música.

#DesportoLocal

© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz