Este é mais um raro e precioso retrato da vida arranhoense. Através dele, podemos recordar tradições locais e também homens que marcaram uma época da vida arranhoense.
Quanto às tradições, recordamos o hábito que os homens tinham de se encontrar para conversar na rua, durante décadas debaixo do célebre choupo, mais tarde, com a construção do largo, debaixo do abrigo em chapa zincada.
Podemos ainda conferir neste caso que, certamente a propósito da realização dum casamento, o grupo tinha sido presenteado com uma caixa dos tradicionais bolos de ferradura e um garrafão de vinho.
Quanto às pessoas, estamos na presença dum excecional grupo intergeracional e de boa memória. Eles eram comummente conhecidos, na sua época, da esquerda para a direita, por:
Manel da Eira [1], Zé Barros [2], [3] João Alfredo (sogro do Manuel Lopes), Isidóro [4], Zé Pinto [5], Zé Lopes [6], Tóino Polícia [7], Tóino Loura [8], Ze Pinto [9], Manel Barroso [10], Torradinho [11], Zé Pequeno [12].
Embora com percursos de vida diversos, todos tinham então um forte sentido de pertença à mesma comunidade, e por isso tinham prazer em se juntar na rua a conversar e divertir-se.
Cada um a seu modo marcou, com a sua vida, a sua família e os seus vizinhos. Os mais velhos ainda eram dum tempo em que um aperto de mão selava um compromisso.
Esta foto é um marco do tempo de amizade companheirismo e boa vizinhança que depois disso se começou a desvanecer.
Não surpreende pois que quem os conheceu tivesse ficado com gratas memórias. Cabe à sua descendência dar seguimento ao seu exemplo de gente séria e honesta, de gente trabalhadora e empreendedora, de gente unida e fraterna pelo progresso da sua terra.
Como pano de fundo, podemos ver à esquerda a sacada da oficina do Francisco Ferreira Morgado (Francisco Brincatudo), à direita, a sede do URDA, e, mais ao fundo, o icónico moinho do Custódio.
O abrigo de chapa zincada era grande, pois além de servir quem usava o transporte da Rodoviária Nacional, também acolhia clientes fo serviço de táxi do Alfredo Maximino, e, claro, todos estes reformados.
Esta memória preciosa foi resgatada graças à colaboração da Maria Adelina Rodrigues Courela Barros, a quem muito agradecemos o seu contributo para preservar a história arranhoense também muito valorizada com os inúmeros contributos que nos foram enviados.
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Notas:
[1] Manuel da Eira, casado com Deolinda
[2] José Barros, casado com
[3] João Alfredo, casado com Maria da Conceição
[4] Isidoro dos Reis Lourenço, casado com Piedade Maria Gageiro
[5] José Pinto, casado com Mabília Frade Munhoz
[6] José Lopes, casado com Zulmira Serralheiro Raimundo
[7] António Frade Raimundo, casado com Maria da Glória Ferreira Lourenço
[8] António Francisco Assis, casado com Emília da Silva Raimundo
[9] José Mateus Pinto, casado com Gertrudes Barros
[10] Manuel Francisco Barroso, casado com Gertrudes Carvalho Matias
[11] António da Encarnação Luis, casado com Deonilde Ferreira Bugarim
[12] José Ramos Frutuoso, casado com Joana Maria da Silva
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© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz