Memórias da festa de Nossa Senhora da Ajuda
Esta foto que hoje vos apresentamos preenche bem aquele pensamento de grandeza de outrora que povoa ainda as recordações de muita gente. Este mar de gente descendo em procissão de Ajuda ilustra aquela ideia que a nossa conterrânea e escritora Irene Lisboa tão bem soube descrever: «é uma festa imemorável e das de maior respeito.»
A organização da festa continua hoje a ser uma enorme responsabilidade, sobretudo para que seja um testemunho coerente e fiel de fé cristã, mas não é aqui lugar para falar dessas coisas “de maior respeito”.
O que é certo é que persiste a memória de grandes enchentes de forasteiros, e de enormes procissões com peregrinos e penitentes, que enchiam as ruas e caminhos de Arranhó e Ajuda.
Irene Lisboa soube captar com invulgar mestria, e descrever com argúcia, todo o ambiente que se vivia à volta da festa de Ajuda, as pessoas, os lugares, e, naturalmente, as procissões.
Temos o privilégio de ter tudo publicado em livro. A descrição da festa ficou guardada no seu livro Apontamentos, publicado em 1943, enquadrada num capítulo a que deu o bonito nome de “Férias no Campo”. São sem dúvida seis páginas de leitura muito saborosa e desafiante que vão até às nossas raízes arranhoenses.
Nos dias de hoje, parece haver uma certa desvalorização do religioso, talvez por falta de adequado esclarecimento, procura-se mudar as festas religiosas de aldeia para um modelo de “festa de Verão”, mas é na nossa perspetiva um erro que convém refletir bem e evitar..
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© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz