O quotidiano doméstico arranhoense era um espaço de talentos: passar a ferro, limpar a casa, cozinhar, cuidar das crianças e idosos, etc. A isso ainda se somavam muitas outras tarefas como a criação e o cuidado de animais para venda ou consumo próprio, o cuidar da horta, em vários casos o cuidado da loja (mercearia, taberna, casa de pasto).
A vida em Arranhó era dura e difícil, e as famílias eram numerosas, o que obrigava a uma mentalidade de sobriedade e poupança para prevenção duma doença ou necessidade imprevista.
E neste quadro o papel das mulheres arranhoenses sempre foi muito forte e decisivo na liderança das grandes decisões familiares. Naquela época, os papéis do homem e da mulher estavam bem determinados mas numa perspectiva de complementariedade de competências e não de subserviência. A vida social podia aparentar uma dominação masculina, mas ao olharmos mais de perto encontramos muitos exemplos notáveis dessa complementariedade.
A tempera rija das mulheres arranhoenses ajudava-as a saber gerir sabiamente os recursos sempre escassos, uma competência que continua hoje a ser essencial mas não está a ser transmitida em casa como seria oportuno.
Eis alguns ditados muito comuns sobre uma boa economia doméstica em qualquer geração:
– No poupar é que está o ganho.
– Grão a grão enche a galinha o papo.
– Mais vale poupar no princípio que no fim.
– Poupar enquanto há; não havendo, poupado está.
– Quem não deve não teme.
Os ditados sobre poupança transportavam sabedoria económica de geração em geração. Afinal poupar dinheiro continua a ser a forma de cada família preparar o seu futuro.
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© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz