Toponímia arranhoense
Esta rua íngreme deve o seu nome a dois mestres sapateiros que nela tinham a sua morada, e, as suas oficinas de sapateiro.
Ao cimo da rua, estava o Manuel “Brincatudo” [1], e, ao fundo da rua, estava o Joaquim “Paduco” [2].
Eles eram cunhados. O Manuel, meu avô, era casado com a Maria da Conceição Soares, irmã do Joaquim. Como era habitual naquele tempo, as famílias alargadas mantinham-se próximas, fazendo morada em terrenos seus, e por isso, em frente ao meu avô Manuel, morava a sua irmã, a Maria “Sapateira” [3]. E, abaixo da sua casa, moravam o Joaquim Soares com a Maria Matilde Rodrigues, e, a sua outra irmã a Carmina Soares. Naquela mesma rua moravam também os Florentinos, logo abaixo da casa da tia “Sapateira”, e em frente do Joaquim Soares.
A escolha da toponímia [4] neste caso foi lógica, porque era assim que era conhecida a rua, e ainda bem, porque estes dois mestres sapateiros tinham ao seu serviço vários oficiais e aprendizes a trabalhar com eles nas suas oficinas. E, como é sabido, a arte de sapateiro chegou a ser uma atividade económica muito forte em Arranhó entre os anos 30 e 50.
Assim, ficou bem recordada a memória histórica e a identidade arranhoense.
Esperamos com esta série sobre a toponímia arranhoense, despertar e sensibilizar para a importância social e cultural de ter uma correta estratégia local de escolher e dar nomes às ruas, largos e praças da freguesia.
Notas:
[1] Manuel Ferreira da Encarnação (1901 – 1976).
[2] Joaquim Soares (1907 -1972).
[3] Maria Quitéria Ferreira.
[4] dá-se o nome de toponímia à escolha dos nomes de um sítio, dum lugar, rua ou localidade.
#ToponímiaLocal
© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz