Na sequência da Exposição sobre o tema no salão do URDA nos anos 80, [1] vamos apresentar de forma faseada este Estudo mais atualizado da história das dinâmicas associativas em Arranhó. [2]
A vida na aldeia decorre tranquila e laboriosa, ainda que muito simples e sujeita às vicissitudes do tempo, por um lado uma governação que mantém o País orgulhosamente só” e pouco desenvolvido, e por outro lado marcada pela eclosão em Fevereiro de 1961 em Angola dum longo e doloroso período para as famílias portuguesas – a Guerra no Ultramar.
Marcou muito as famílias arranhoenses. Os rapazes, sujeitos ao serviço militar obrigatório, são mobilizados para participar na guerra, outros fogem para o estrangeiro.
Como não podia deixar de ser a vida associativa ressente-se. As pessoas desmoralizam. Face às dificuldades e obstáculos de vária ordem torna-se muito difícil assegurar a organização e a continuidade de quaisquer iniciativas de carácter recreativo e cultural. Mas os que ficam na aldeia não esmorecem e continuam a lutar. No caso do futebol, a sua Direcção dedica-se a procurar ir fazendo melhorias na courela que arrendaram à Joaquina da Assunção Além no Espargal para aí instalar o seu tão sonhado campo de futebol.
No domingo 12 de Fevereiro de 1967, o C.D.A. organiza com pompa e circunstância a inauguração das suas Cabines no Campo de Jogos do Espargal. Foi à época um enorme salto em termo de condições e infraestruturas para a prática desportiva pois na aldeia não havia então água canalizada.
O evento foi preparado com toda a solenidade e esmero como a obra merecia como podemos respigar do Cartaz do Programa então policopiado:
«Ás 15 h – Inauguração das Cabines a que se digna assistir Sua Exa o Senhor Presidente da Câmara.
Ás 16h – Desafio de Futebol entre o clube Clube Desportivo Arranhoense e o Clube Desportivo e Recreativo Arrudense. No qual será disputada uma Taça com o nome João Manuel Vaz Monteiro.
Ás 17 e 30 horas – Na sede do Clube será oferecido ao Sr Presidente da Câmara um beberete, onde podem assistir todos os Associados do Clube.
Ás 20 horas – Grandioso Baile com a colaboração dos categorizados acordionistas Guilherme Raposo, com o bateria Francisco Pulgas, e Ernesto Rodrigues, que se farão ouvir no seu vasto reportório de música de dança.»
O Programa sinalizava: BAILE ATÉ DE MADRUGADA, e uma Nota: «Os sócios terão entrada gratuita, mediante a presentação da quota do mês de Dezembro de 1966, quer seja no campo de jogos, como no baile.»
Sublinhamos o cuidado colocado em fazer as coisas bem feitas, quer no Cartaz quer na Organização, reflectindo a acção do António Raimundo dos Reis então a trabalhar na capital, mas sempre com enorme dedicação ao associativismo arranhoense.
Notas;
[1] Luiz, José M. Ferreira | Guião da Exposição 60 Anos de Vida Associativa Organizada | manuscrito dactilografado | Arranhó, 1989.
[2] Luiz, José M. Ferreira | Estudo Sobre o Associativismo em Arranhó | original, 2023.
Na foto, podemos identificar da esquerda para a direita:
Francisco Lourenço Pulga, Firmo Soares da Encarnação, o Cabo Marques (comandante da GNR de Arruda), Manuel Francisco Frade, João Manuel Vaz Monteiro de Carvalho em representação de Asdrubal Duarte Cunha presidente da Câmara Municipal, Manuel Barroso, António Raimundo dos Reis, Joaquim Raimundo Lopes, José António Teixeira, José Pinhal, António Ferreira Morgado.
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© Direitos Reservados, Reprodução Proibida | Arranhó Memória e Gratidão, compilação e foto de José M. Ferreira Luiz